Governo só vai sobretaxar leite em pó importado se houver invasão do produto
Governo só vai sobretaxar leite em pó importado se houver invasão do produto
Governo só vai sobretaxar leite em pó importado se houver invasão do produto
19-02-2019 10:56:58 - Por: Folha de São Paulo
Alternativa para elevar a tarifa de importação do produto para mais de 40% está praticamente descartada.

Após a garantia do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de que vai “manter o nível de competitividade” dos produtores de leite, cristalizou-se a percepção de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, perdeu seu primeiro embate em torno da abertura da economia para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Os números, no entanto, mostram que não foi isso que aconteceu - pelo menos até agora. Segundo apurou a reportagem, a tarifa de importação de leite em pó continua em 28% e não foram retomadas as sobretaxas antidumping de 14,8% para a União Europeia e de 3,9% para a Nova Zelândia. O que vem sendo feito é um monitoramento diário das importações de leite em pó. Se houver uma alta súbita das compras externas do produto, a equipe econômica pretende aplicar uma salvaguarda preliminar. Mas isso só será feito se houver indícios de invasão de importados.
Outra alternativa que vinha sendo analisada - incluir o produto na lista de exceções da TEC (Tarifa Externa Comum) e elevar a sua tarifa de importação para mais de 40% - está praticamente descartada. Nessa hipótese, o aumento de alíquota atingiria todos os países e não apenas União Europeia e Nova Zelândia, alvos iniciais das medidas de proteção comercial.
Na visão de pessoas que vêm acompanhando de perto a questão, não há justificativa para uma alta generalizada da alíquota, já que o leite em pó importado responde por menos de 5% do consumo brasileiro e é originário de Argentina e Uruguai, sócios do Mercosul. A tarifa antidumping para a importação de leite em pó da União Europeia e da Nova Zelândia estava em vigor desde 2001 e havia sido renovada em 2006 e em 2012. A terceira extensão da sobretaxa foi sido solicitada pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil) em outubro de 2017.
Recomendação
Em uma nota técnica de 70 páginas, o Decom (Departamento de Defesa Comercial) recomendou o fim da sobretaxa, porque não foi verificada nenhuma importação da Nova Zelândia e um volume residual da União Europeia. Os técnicos também consideraram pouco provável que o dumping seja retomado com a extinção da sobretaxa. Segundo apurou a reportagem, a investigação do Decom foi concluída em setembro de 2018, ainda no governo de Michel Temer, mas sua publicação vinha sendo postergada, o que só aconteceu no dia 5 de fevereiro deste ano, já na gestão Bolsonaro.
A medida gerou forte reação política do setor agrícola. Pessoas próximas ao tema dizem que, por se tratar de uma questão técnica, o ministro da Economia, Paulo Guedes, não estava informado e só soube do assunto após o início da confusão. Guedes teria dito aos seus subordinados que nenhuma decisão deve ser tomada sem avaliar o impacto político e que a prioridade é a reforma da Previdência.
Na segunda-feira (11) à noite, o ministro se reuniu com sua colega Tereza Cristina em Brasília. Os dois acertaram que manteriam a competitividade do setor de leite em pó, o que pode passar por várias medidas de apoio aos produtores – mas não necessariamente pelo aumento da alíquota, que até agora não ocorreu. O ministério da Economia não quis se pronunciar sobre o tema. A reportagem não conseguiu contato com a ministra da Agricultura até a publicação desta reportagem.
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