Novo sistema de inteligência vai garantir rastreabilidade da produção do leite orgânico
Novo sistema de inteligência vai garantir rastreabilidade da produção do leite orgânico
Novo sistema de inteligência vai garantir rastreabilidade da produção do leite orgânico
07-12-2020 11:12:26 - Por: Abraleite/CI Orgânicos
Tem por objetivo traçar um mapa da localização dos produtores no País para identificar suas demandas e dificuldades e oferecer possíveis soluções para o setor.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com o apoio da Associação Brasileira de Produtores de Leite (Abraleite), criou um sistema de inteligência para a rastreabilidade do leite orgânico no Brasil. A informação foi divulgada pelo coordenador da Comissão Nacional de Leite e Derivados da Abraleite, Junior Saldanha, durante webinar organizado pela associação, em parceria com a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos). O debate foi coordenado pela diretora da SNA, Sylvia Wachsner.
O sistema de rastreamento anunciado por Saldanha tem por objetivo traçar um mapa da localização dos produtores de leite orgânico no País para identificar suas demandas e dificuldades e oferecer possíveis soluções para o setor. O representante da Abraleite destacou que a certificação e a rastreabilidade em toda a cadeia produtiva é que vão garantir ao consumidor a qualidade do produto. “Há um nicho de consumidores para esse mercado. Um produto certificado é um produto rastreado desde início da cadeia. É importante que o produtor esteja com sua certificação em dia”, destacou Saldanha.
Ele lembrou que o leite, assim como outros produtos, para obter a chancela de orgânico, precisa ser certificado por empresa especializada ou por meio do modelo participativo, atendendo às determinações do Ministério da Agricultura.
Controle biológico e solos - Saldanha também destacou durante o encontro a importância do controle biológico e da adubação orgânica para garantir uma boa produção, e comentou que esses fatores devem atender às expectativas do chamado "novo consumidor", cada vez mais exigente em relação às origens e especificações dos produtos.
Alberto Figueiredo, engenheiro agrônomo e diretor da SNA, comentou sobre a importância da valorização do solo no processo de conversão orgânica, fazendo um contraponto com a necessidade cada vez maior de utilização, pela agricultura tradicional, de fertilizantes, inseticidas, fungicidas e outros insumos para obter um controle maior da produção.
“A recuperação da matéria orgânica do solo por meio da incorporação de vegetais, e de forma planejada, é o principal fator que atrai o produtor para a conversão”, afirmou Figueiredo. “Essa alternativa atende à necessidade de os animais terem mais resistência a pragas e doenças, estabilizando seu organismo”.
Gestão - Por sua vez, Saldanha enfatizou que a gestão na propriedade leiteira, seja orgânica ou não, é determinante para o desempenho da atividade.
“O produtor tem de seguir essa gestão à risca, seja na composição do rebanho, na compra de insumos e animais, etc. A gestão tem de ser muito bem feita, caso contrário o produtor não terá êxito. Não é recomendável entrar nessa atividade por causa do preço do leite. Se o produtor for ineficiente, irá quebrar. Não há mais espaço na pecuária leiteira para amadorismo”, disse o coordenador da Abraleite.
Além disso, ressaltou Saldanha, o produtor precisa ter um diferencial e buscar agregação de valor em seu trabalho. “A industrialização da produção é também um caminho”, complementou.
Desafios - Já o diretor da SNA chamou a atenção para alguns desafios do setor, como o uso de novas tecnologias. “Não dá mais para ficarmos alheios às tecnologias que permitem produzir mais e com menor custo. Deve haver um equilíbrio entre as necessidades que os animais têm para se alimentar e a gestão da produção na propriedade”. Figueiredo disse ainda que os produtores devem trabalhar em conjunto para otimizar a produção, e acrescentou que, nesse sentido, eles precisam ser estimulados.
“Somos muito isolados e avessos à organização. Isso pode ser comprovado pelas cooperativas, que foram perdendo fôlego na medida em que uma visão imediatista acarretou na realização de leilões diários em relação ao valor pago à produção, fazendo com que os produtores abandonassem as cooperativas em busca do sonho de preços corrompidos propositalmente, até mesmo por dumping, em processos industriais inadequados e que deram prejuízos”.
Ainda segundo Figueiredo, “as entidades do setor estão muito desunidas e têm dificuldades de chegar a um acordo comum nos debates e negociações”.
Conversão - Durante o encontro on-line, o representante da Abraleite também falou sobre os procedimentos básicos que os produtores convencionais devem cumprir no processo de conversão para a pecuária orgânica.
“Primeiro é preciso saber se existe uma demanda para o produtor. Depois, é necessário procurar uma assistência técnica ou consultorias privadas e posteriormente uma certificadora”, disse Saldanha, acrescentando que “o planejamento é essencial para que a conversão seja bem sucedida”.
Segundo ele, o período de conversão da propriedade e dos animais dura em média 18 meses. Adubações orgânicas, fungos e homeopatia são alguns dos elementos utilizados nesta atividade. “Dá para conciliar, a princípio, o tradicional e o orgânico, substituindo as práticas de maneira gradativa, até estabelecer um marco zero”.
Impactos - Quanto ao impacto econômico dessa mudança, Saldanha explicou que, a princípio, a conversão “gera um desconforto”, porque segundo ele, evolve investimento financeiro e dedicação total ao processo.
Saldanha ainda faz um alerta, “Migrar para uma produção orgânica significa inovação e empreendedorismo. No período de conversão do solo, o produtor não tem altas despesas, pois a atividade não foge muito ao processo tradicional. No caso dos animais, é preciso trabalhar com grãos orgânicos, que são alimentos mais caros. Ao mesmo tempo, há linhas de crédito que ajudam os produtores nessa fase”.
Ainda durante o debate, Saldanha falou sobre o ingresso de grandes empresas de alimentos no mercado de orgânicos, e sobre o potencial das atividades de produção no setor para a redução dos impactos ambientais, destacando aspectos como o sequestro de carbono e a promoção do bem-estar animal.
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