Restauração Florestal: para além do meio ambiente, com impactos sociais

04-12-2025 15:01:21 Por: Valéria Michel e Miriam Prochnow. Foto: Divulgação/Tetra Pak

Restauração Florestal: para além do meio ambiente, com impactos sociais
Restaurar florestas, por si só, é uma prática fundamental no combate às mudanças climáticas. Mas ela pode ir além, envolvendo as pessoas e ressaltando a sua importância como agentes ambientais, trazendo impactos sociais e econômicos relevantes que podem mudar a vida das comunidades. 

Foi com esse propósito que a Tetra Pak uniu-se à Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi) para construir o Conservador das Araucárias, que prevê restaurar e conservar 7.000 hectares de Mata Atlântica até 2030, o equivalente a 9,8 mil campos de futebol. Além da sua ambição territorial, o projeto também está ajudando a construir uma cadeia de produção e econômica que tem trazido ainda mais valor ao projeto. 

Dois recentes relatórios do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostraram que o investimento anual em florestas precisará triplicar até 2030, crescer seis vezes até 2050 e fazer a transição para a proteção de florestas de alto risco. Isso porque, as florestas estão perdendo, e cada vez mais, suas capacidades de regular a água disponível no planeta; serem fonte de energia e meios de subsistência; trabalharem na resiliência a desastres; e ajudarem a trazer segurança alimentar, sobretudo de populações mais vulneráveis.

O Conservador das Araucárias é uma oportunidade para transformar as propriedades rurais por meio do planejamento de propriedades visando o cumprimento das legislações ambientais com a restauração de áreas degradadas e a conservação de remanescentes florestais e assim se tornando um lugar agradável para se viver. Importante dizer que são elegíveis apenas propriedades comprometidas com o Código Florestal, registradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), sem histórico recente de desmatamento e que estejam dispostas a ampliar sua cobertura florestal. Isso mostra que restaurar é, ao mesmo tempo, responsabilidade e escolha estratégica. 

Isso significa que, além dos benefícios locais, o Conservador das Araucárias também ajuda na efetiva implementação do Código Florestal (Lei 12.651/2012), um caminho para que o Brasil se torne líder global em restauração de ecossistemas e no enfrentamento da emergência climática. Resultado: em outubro de 2025, o projeto já contava com mais de 30 proprietários rurais como parceiros, que recebem todos os insumos necessários para implantar a restauração em suas propriedades, as orientações para manter as florestas conservadas e o pagamento antecipado do carbono. São 3.132,05 hectares em processo de restauração e conservação em sete municípios de Santa Catarina, onde foram plantadas 320.000 mudas de árvores nativas nas áreas onde se faz a restauração com plantio de mudas. Além do plantio de árvores nativas, o projeto também utiliza como metodologias a semeadura de sementes de árvores nativas, o enriquecimento de florestas secundárias e a condução da regeneração natural de espécies nativas. 

Essa semeadura é possível também pelo trabalho de coletadores de sementes que fazem parte do projeto. São pessoas que fazem parte da cadeia da restauração ao coletarem sementes que vão ser usadas na produção de mudas de espécies nativas, que são utilizadas na restauração florestal. Mais um braço econômico que o Conservador das Araucárias está ajudando a gerar. 

As mudas utilizadas no projeto de restauração são todas produzidas no Viveiro Jardim das Florestas da Apremavi, em embalagem de papel sendo mais de 200 espécies, da Mata Atlântica. Além disso, o projeto prevê ainda a criação de Reservas Particulares do Patrimônio Nacional (RPPNs), como forma de garantir a conservação das florestas no longo prazo e biodiversidade. Além dos benefícios ambientais, os proprietários de RPPNs recebem incentivos econômicos como a redução do Imposto Territorial Rural (ITR). 

Assim como água, terras e ar limpo, tempo é algo que tem ficado cada vez mais escasso para a humanidade que quer vencer a guerra contra a crise climática. Por isso, decisões assertivas e iniciativas como o Conservador das Araucárias são faróis que mostram o caminho para a implementação. Restaurar não é apenas reparar o passado: é construir o futuro que queremos e precisamos. 

*Valeria Michel é diretora de Sustentabilidade no Brasil e Cone Sul da Tetra Pak. 
*Miriam Prochnow é cofundadora e diretora da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi)